Por que existe o dia internacional da mulher?

Em pleno ano de 2016. Homens sem o senso de respeito. Misoginia todos os dias. Mulheres que sofrem assédio e abuso. O estupro nosso de cada dia: no Brasil, a cada três mulheres, uma é violentada.
Jornada dupla, até tripla. Chefes de família, julgadas por serem mães solteiras. Mulheres que são criminalizadas pela sociedade por tomarem a decisão do aborto. Quantas delas morrem pela falta do direito de abortar? O útero é laico, Brasil.
Julgadas pela forma de se vestir e portar. Mulheres que não podem ter o direito de envelhecer em paz: a velha escravidão do padrão de beleza. Julgadas por não quererem ter filhos. Julgadas por não romantizarem a maternidade. Mulheres objetivadas na mídia. Atrizes adolescentes sendo sexualizadas na TV. Inteligência subestimada. A inteligência estremece o opressor. A luta pela igualdade salarial. A falta de respeito em um ambiente profissional.
Mulheres transexuais que ainda são colocadas à margem da sociedade. Não diga “o travesti”. Ela é uma mulher. Não diga “traveco”, pois o sufixo “eco” é para indicar inferioridade. Não use palavras pejorativas. Respeita as minas.
Não romantize o dia 8 de março. Não é um “feliz dia das mulheres”. Não queremos flores. Não queremos chocolate. Não queremos um jantar para comemorar. Fica difícil comemorar algo, quando sabemos que uma mulher está sendo estuprada neste exato momento. Não queremos presentes. O capitalismo aproveitou esta data para incentivar o consumo, afinal, “as mulheres são as que mais consomem”, não é mesmo? Uma ótima oportunidade. Não queremos elogios de homens que nos destratam de alguma forma nos outros dias do ano.
Hoje precisa ser um momento de reflexão. Há uma história de luta que envolve e marca este dia: a luta pelo respeito e igualdade. Infelizmente, mulheres (cis e trans) sofrem com o patriarcado, morrem por conta do machismo. Ainda há homens e mulheres que não conseguem enxergar a nossa realidade oprimida.
O dia 8 de março de 1857 foi marcado pela greve realizada em uma fábrica, em Nova York, na qual mulheres reivindicaram a redução da carga horária exploradora — de 16 horas diárias —, a igualdade de salário — algumas recebiam 1/3 do salário dos homens, para realizarem as mesmas funções — e condições mais dignas. O dia é em homenagem às 130 tecelãs que morreram queimadas dentro da fábrica, pois a resposta à manifestação foi de extrema violência. Em 1910, durante a II Conferência Internacional de Mulheres, na Dinamarca, a famosa ativista pelos direitos femininos, Clara Zetkin, propôs que o 8 de março fosse declarado como o Dia Internacional da Mulher, em homenagem ao fato ocorrido em 1857. Entretanto, a data só foi oficializada pela ONU (Organização das Nações Unidas), em 1975.
Tenhamos mais consciência sobre esta data. Em vez de um “parabéns” pelo dia de hoje, respeite-a todos os dias. Não a trate como um ser inferior.
Dia 8 de março de 2016: conscientização de mais um ano de luta e de que ainda há muito caminho pela frente.
Conheça mais sobre a greve de 1857:http://blogdaboitempo.com.br/2016/03/07/as-que-vieram-antes-de-nos-historias-do-dia-internacional-das-mulheres/.